Mercado aquecido acelera venda de imóveis

Mal dá tempo de pensar direito. Hoje, para não correr o risco de perder uma boa oportunidade, o interessado em comprar um imóvel novo de um ou dois dormitórios precisa se decidir rapidamente quando encontrar o que procura. É que o tempo médio que essas unidades levam para serem vendidas tem caído e, em julho, chegou a ser de apenas dois meses, a menor marca do ano.

Mas pode ser muito menos. Um empreendimento com apartamentos de um dormitório no Brooklin, lançado pela construtora camargo correa no primeiro semestre, teve suas 216 unidades vendidas em apenas 20 horas. E o mercado começa a acumular vários exemplos semelhantes a este.

Para especialistas, a agilidade das vendas é sinal de que as construtoras estão sintonizadas com os consumidores. “O mercado lançou muitos empreendimentos de um e, principalmente, de dois dormitórios este ano, com preços baixos”, observa Celso Petrucci, economista-chefe do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e responsável pelo levantamento. “E são esses imóveis que apresentam uma procura muito forte hoje, por isso a resposta foi tão positiva.”

Ricardo Almeida, coordenador do curso de negócios imobiliários da Faap, faz coro. “Os lançamentos de imóveis de um e dois dormitórios, antes raros, agora são mais numerosos”, avalia. “E era o que o mercado estava precisando. Havia uma demanda reprimida que agora está sendo atendida com mais opções, e de melhor qualidade”, justifica Almeida.

A maior oferta de crédito, sem dúvida, também ajuda a acelerar as vendas. Os especialistas afirmam que, por conta da forte concorrência nos financiamentos imobiliários, os bancos estão mais ágeis e menos burocráticos do que já foram no passado. A liberação do dinheiro na Caixa Econômica Federal, maior agente de crédito imobiliário do País, hoje pode ocorrer em até 40 dias – há dois anos, a média era de 60 a 90 dias.

“Hoje, a única coisa que pode atrasar a venda do imóvel é o preço. Se a unidade estiver mal precificada, muito acima do que o mercado espera, aí demora mesmo para o negócio sair”, declara José Viana Neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP), afirmando que no mercado de imóveis usados o tempo médio de venda também foi reduzido. Hoje, a média é de três meses – a metade do tempo registrado há apenas dois anos.

A velocidade na hora de vender um imóvel é algo positivo para o mercado. Dá mais capital de giro às construtoras, melhora o rendimento dos corretores e das imobiliárias, aumenta a liquidez de quem investe no ramo e satisfaz os proprietários, que conseguem embolsar o dinheiro rapidinho. Para os compradores, também costuma ser bom – nada melhor que poder se mudar logo para o imóvel escolhido. O problema é quando a velocidade do mercado se traduz em pressão sobre o consumidor.

“Cada imóvel que eu visito, na saída o corretor sempre fala para eu me decidir logo porque tem mais gente interessada”, conta a publicitária Tatiana Salomão, de 29 anos, que procura há um mês um imóvel de um dormitório na Vila Olímpia. “Eu estou um pouco confusa. Já tinha gostado de um apartamento, mas demorei uma semana para responder e venderam”, lamenta. “Mas não quero fazer nada só por pressa”, enfatiza Tatiana, que segue na busca.


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